Como sentir segurança ao se entregar, ou melhor, ao entregar seus sentimentos?
A insegurança maior, bate à porta quando estes sentimentos são destinados para aquela pessoa em especial, aquela pessoa que faz seus pensamentos voarem por quilômetros e quilômetros de distância e tendem a continuar voando mesmo quando são trazidos de volta.
Porque isto acontece? Porque criamos padrões tão negativos para amar? Porque temos medo de amar e não ser amado?
Todo relacionamento inicia igual: afinidades, compatibilidades, atração, qualidades, expectativas e produtividade.
Passando esta fase de início, onde chamamos de conquista, entra a fase de adaptação e enxerga-se os defeitos, as incompatibilidades, as frustrações e as diferenças. Muitos relacionamentos não conseguem passar daqui, tendo em vista que para chegar até aqui não há um tempo determinado, podem ser dias como meses ou anos e os que conseguem chegar, tentam se equilibrar, mas em sua maioria, é iniciado aqui o processo de degradação.
Aquilo que era defeito passa a ser utilizado como uma arma, sendo lançado no primeiro indício de guerra. O que era intimidade, passa a ser escudo, e no início da guerra, são lançadas as armas e os escudos servem para rebater as mesmas, fazendo com que nestes momentos o desrespeito passe a ser maioral, as qualidades esquecidas e a produtividade reduzida a nada.
Depois da guerra, o que era afeto, compreensão e união, passa a ser rancor, raiva e agonia, mas logo passa e começa tudo de novo.
Daí a pergunta inicial volta novamente: Como sentir segurança ao entregar seus sentimentos?
A padronização das relações está infiltrada em nós, criou algum tipo de raiz que é difícil de ser removida. No medo ou receio de cometer os mesmos atos do passado, resta a insegurança e a resistência para não sentir sentimentos como possessão, controle, frustração e quebra de expectativas, o que faz com que não saibamos mais receber e dar amor.
E eu? Eu sei receber amor? Será que consigo amar e ser amado com tranquilidade, liberdade e sinceridade? Será que eu sei mesmo o que é amar? Se todos estes sentimento estão juntos, onde foi que os separei? Porque o medo me imobiliza?
É tão notório que as pessoas não estão acostumadas a serem amadas, e quando você faz isto sem nenhum interesse, você é mau interpretado ou julgado de forma errônea. Expressar a um amigo, amiga ou parente o seu amor, é tão estranho quanto abraçar, tocar e beijar, e na melhor das vezes você é visto como louco, na pior, você cria admiradores, que duram por pouco tempo, ou até você dizer que é só amizade, daí você leva um fora, e o que era amizade acabou-se. Ou você é visto como algo que não sei o que é, e as pessoas preferem se afastar.
E agora? Depois de um tempo, me sinto frágil, aberta a amar de novo, não só os meus amigos, mas aquele alguém especial que apareceu, e sua melhor proposta é ser quem é, que chega de um jeito suave e doce, tranquilo e respeitoso, com a sutilidade de uma borboleta e a intensidade de um búfalo. Me sinto encantada, como a tempos não sentia, mas me sinto insegura. Então, sinto eu a insegurança de ser amada? Aprendi a amar sem esperar algo em troca, mas e quando pode haver esta reciprocidade eu quero recuar ao meu mundo criado e seguro? Não deveria eu, arriscar e esperar os resultados? Para quê continuar nesta margem de segurança desejável?
A vida é um risco constante, onde arriscar é viver, e arriscar com sabedoria é viver intensamente.